O jornalista que ler um jornal europeu certamente vai notar uma diferença clara de estilo dos periódicos brasileiros ou norte-americanos. Acostumado à pirâmide invertida, o profissional percebe facilmente o estilo narrativo empregado no velho continente.

“O jornalismo americano é mais objetivo, menos analítico e opinativo, baseado no lide e na pirâmide invertida, enquanto o europeu é mais narrativo, analítico e opinativo”, explica a jornalista Mariana Duccini, mestre e doutoranda em Ciências da Comunicação pela USP e professora do curso de pós-graduação em Estudos da Linguagem da Universidade de Mogi das Cruzes, SP (UMC).

Mariana, que também ministra o curso de Redação e Estilo para Jornais e Revistas, pela Escola de Comunicação do Comunique-se, explica a diferença de estilo. “O que diferencia as duas escolas não é o fator geográfico, é uma questão de estilo. Como exemplo nós temos o jornal El Pais, que é espanhol, mas segue o estilo norte-americano de jornalismo”, conta.

Mariana Duccini acredita que o profissional brasileiro tem certa dificuldade para escrever no estilo europeu, mais narrativo, porque os jornalistas são treinados para seguir o lide, a pirâmide invertida, o máximo de objetividade.

“O jornalista brasileiro tem uma dificuldade que é intrínseca, mas uma mescla dos dois estilos é possível. É claro que existe uma limitação de acordo com a empresa, a linha editorial, isso restringe um pouco, mas é possível”, conclui.

As diferenças básicas entre os dois estilos:

Escola européia
Conceitos de “honestidade” e “lealdade”, em vez de “objetividade”;
Caráter mais opinativo e analítico;
Hierarquização menos rígida das informações.

Escola norte-americana
Conceito de “objetividade”;
O lead ou as seis questões fundamentais: O quê?, Quem?, Quando?, Como?, Onde? e Por quê? (rigidamente hierarquizadas);
Gradação das informações: o modelo da pirâmide invertida.

Fonte: Comunique-se
www.comunique-se.com.br